segunda-feira, 21 de julho de 2008

Educação de Clientes? ou Educação Social?

Num dos posts anteriores, do meu amigo Emanuel, ele referia a sua perturbação causada pela prioridade dos clientes nas suas ideias pré-definidas na "arquitectura" que vêm aqui e ali. Não posso deixar de concordar com ele. Mas, eu penso que o problema não reside só no grupo social dos "clientes", mas sim de toda a sociedade. Penso que é fundamental uma injecção de cultura na sociedade. Mas esta cultura não passa por jornais pouco crediveis, nem por cinema nem por qualquer tipo de difusão noticiária. Passa pela troca de ideias... e por saber ouvir essas ideias, não digo que a pessoa tenha que ouvir o arquitecto e calar, nada disso. Apenas sugiro que as pessoas, percebam que nem tudo o que vêm construído é arquitectura. " A arquitectura refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano. " Trocar ideias, falar, discutir... tudo isto é fundamental para o desenvolvimento da arquitectura. Mas sempre com uma base cultural.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Cai Guo-Qiang


Para um artista contemporâneo qualquer material serve para trabalhar, seja nobre e suave ou pobre e agressivo. Cai Guo-Qiang fez uma escolha radical: pólvora. Com o pó negro e uma sabedoria herdada de centenas de anos de tradição pirotécnica chinesa compõe obras que se tornam visíveis numa detonação de luz, fumo e cor. Arte explosiva.
Cai Guo-Qiang nasceu em Quanzhou, na China, em 1957. Após ter estudado em Xangai emigrou para o Japão e, posteriormente, para Nova Iorque, onde vive e trabalha desde 1995. Actualmente é conhecido no meio artístico pelas suas instalações de grande escala e, sobretudo, pelos literalmente bombásticos projectos de explosões que tem mostrado um pouco por todo o mundo em locais como o MoMA em Nova Iorque, a Tate Modern em Londres e o Centro Pompidou em Paris.
Uma instalação explosiva começa invariavelmente do mesmo modo: perante uma assistência mais ou menos numerosa, o artista espalha cuidadosamente a pólvora pelo chão, em cima de uma tela ou de um tecido, formando desenhos mais ou menos figurativos. Depois de concluída esta fase, toda o material explosivo é coberto com cartões sobre os quais são colocados pesos, geralmente pedras. Esta protecção destina-se a conter a explosão e a circunscrevê-la ao limite das formas pretendidas. Segue-se a ignição. Todo o espaço é inundado por uma nuvem de fumo entrecortada por fogachos crepitantes. Por fim Cai Guo-Qiang e os seus assistentes retiram a protecção e revelam o resultado final, uma tela que será fixada a uma parede, em exposição.



in arquitectura.pt

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Museu de Arte Nelson-Atkins <> Steven Holl Architects

Kansas, EUA
O projecto de remodelação e aumento das instalações do Museu de Arte Nelson-Atkins existente na cidade norte-americana Kansas City, é composto de 5 estruturas interligadas entre si por oposição deliberada ao conceito de uma única estrutura massiva. Ao atravessar o edificio pré-existente em direcção ao jardim exterior, as 5 estruturas agora construidas dão nova forma ao espaço e proporcionam novos pontos de vista.
As zonas de circulação e zonas de exposição fundem-se uma entre outra na medida em que existe contacto visual entre elas nos vários pisos. O caminho sinuoso por entre o jardim das esculturas encontra o seu paralelo nos caminhos de circulação das novas galeria. O revestimento exterior dos novos edificios funciona como uma lente de vidro que proporciona a entrada de diferentes tipos de luz natural nas galerias.
É no interior que Holl mostra a sua imagem de marca, jogando com as matérias mais difíceis: espaço e luz. Ele desenhou espaços que fluem com recurso a rampas e escadas de formas graciosas e leves. A luz é uma presença por vezes surpreendente, aparecendo inesperadamente do topo ou de grandes vãos abertos para os jardins.
O atelier Steven Holl Architects conseguiu fundir as vertentes da arquitectura, da arte e do paisagismo numa experiência unificadora. De facto esta fusão dá origem a um todo dinâmico em que os visitantes têm a oportunidade de percorrer tanto o interior como os exteriores do museu de forma fluente. À medida que o visitante do museu o percorre vai tendo a percepção da mutação dos espaços que se vão alongando e incorporando uns nos outros.
O diálogo entre 2 edificios radicalmente diferentes e, no entanto, interdependentes criou um contraste que sublinha as virtudes de cada um. O desenho de Holl faz jogar pedra com vidro, sólido com etéreo, sequência ordenada com fluidez improvisada.
Os 15300 m2 de expansão do museu que eram requisito do programa foram conseguidos pelo aproveitamento uso da área subterrânea. O que aparece à superfície são 5 pavilhões transparentes numas partes e translúcidos noutras. Os tectos abobadados das galerias têm por cima uma espécie de fotões movidos hidraulicamente. Durante o dia debitam luz indirecta para o interior da galeria, depois do pôr-do-sol debitam a luz para o exterior iluminando o céu.
O dramatismo do conjunto atinge o seu auge à noite, quando os 5 pavilhões de vidro translúcido brilham no terreno suavemente inclinado, um cortejo de caixas luminosas que são uma ode à luz. Os estudos para o melhor aproveitamento da luz e dos contrastes marcados ajudaram a transformar o Museu de Arte Nelson-Atkins, passando de uma respeitada instituição a nível regional num foco de atenção mundial.
Tal como uma metáfora contemporânea para um museu de arte, a luz – que é a percepção humana do amanhecer, do acordar, assim como da clareza intelectual - é aqui usada de forma irrepreensível. É por isto que, mesmo após o glamour explosivo inicial se ter desvanecido, o projecto de Steven Holl ainda permanecerá como uma ideia brilhante.
A fabulosa intervenção de Holl é dotada de conceitos de vigorosidade e inteligência mas também de uma simplicidade de formas que muito faz lembrar os primeiros projectos do arquitecto. A reputação de excelência deste arquitecto norte-americano está a valer-lhe uma série de novos projectos de Beirut à Dinamarca passando por Biarritz.


in construlink

IMAGENS:









sábado, 24 de novembro de 2007

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Importância do Espaço

O espaço exprime todos os factores que intervêm na arquitectura, nas tendências sentimentais, morais, sociais e intelectuais, e representa por isso aquele momento analítico da arquitectura que é matéria da história. O espaço está para a arquitectura concebida como arte como a literatura está para a poesia e como a tela esta para a pintura. No espaço coincidem vida e cultura, interesses espirituais e responsabilidade social. Porque o espaço não é um vazio é vivo e positivo onde engloba constantemente o nosso ser. É através do volume do espaço que nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos brisas, cheiramos as fragrâncias de um jardim em flor. A sua forma visual as suas dimensões e escala tal como a qualidade da luz dependem da nossa percepção dos limites espaciais definidos pela forma. À medida que o espaço começa a ser capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos da massa, a arquitectura começa a existir.


“ Reunimos trinta raios e chamamos de roda;
Mas é do espaço onde não há nada
que a utilidade da roda depende.
Giramos a argila para fazer um vaso;
Mas é do espaço onde não há nada
Que a utilidade da casa depende.
Perfuramos portas e janelas para fazer uma casa;
e é desses espaços onde não há nada
que a utilidade da casa depende.
Portanto, da mesma forma que nos aproveitamos daquilo que é,
Devemos reconhecer a utilidade do que não é. “

Lao-tzu “ Tao Te Ching “ Século VI a.C.

Clientes “ Educação “

O arquitecto tem uma função primordial na “educação” dos clientes. O arquitecto por vezes é julgado apenas como um meio de transição de ideias pré – definidas por parte dos clientes. Os clientes vêm com ideias pré - definidas que por vezes dificultam o desenvolvimento do trabalho. Contudo, é importante conhecer bem o cliente em todos os aspectos, tal como o programa e as exigências propostas, para dar a melhor resposta aos objectivos pretendidos. Ter uma base teórica e esclarecedora é fundamental no desenvolvimento do projecto proposto. Por vezes é complicado explicar às pessoas, sem as ferir, que na grande maioria dos casos os cânones que elas tem na sua memória são meras paixões passageiras, gostos pouco fundamentados e na maior parte dos casos transmitidos através de imagens “Autocolantes”. As suas opções baseiam-se essencialmente nos temas monumentais “classicismo” e nos elementos decorativos, que por vezes temos de lhes explicar que nos dias de hoje surgem por uma falta de inspiração, dai irem buscar formas ao passado, contudo resulta dos problemas de superfície plástica e volumétrica, nunca de arquitectura. As suas preocupações estão no exterior da “caixa”, a caixa pode ser trabalhada, esculpida, decorada, pode constituir uma obra-prima, mas continua a ser um invólucro. Pergunto eu o interesse está no embrulho, ou no conteúdo? Ou num conjunto de factores onde um está dependente do outro e daí resultar o produto final?

O “gosto” – é importante fazermos uma ligeira reflexão sobre esta questão, pois foi um dos temas bastante ouvidos durante o estágio. É necessário perceber a evolução dos tempos, dos gostos e dos estilos. O gosto é uma parte da natureza racional de cada um e não se muda pelo exercício, mas pela educação, as mudanças no gosto acompanham as mudanças na perspectiva global do mundo. Como já se referiu atrás, no mito da cabana é apresentada a função primaria de um edifico, o de habitar um espaço que nasce de uma necessidade. O estilo não existe, temos um produto bruto sem linguagem, sem intenções, que cumpre escrupulosamente a sua função. Posteriormente então o que faz o homem pensar em elementos que na perspectiva de um observador serão fúteis?

O desenho da “ Casa “ unifamiliar, como peça única de conforto e bem estar para o Homem, foi sempre uma das investigações mais importantes da arquitectura. Entender as necessidades do ser humano como núcleo da sociedade, e criar para ele espaços de máxima qualidade arquitectónica, é possivelmente um dos desafios mais ambiciosos da disciplina. O processo de desenho exige um alto nível de compromisso por parte do arquitecto, já que se trata de indagar dentro da intimidade dos membros de uma família: entender como comem, como dormem, como ocupam os seus tempos livres...Valorizar todos estes aspectos e contextualizá-los dentro das particularidades de cada encomenda é uma das situações mais interessantes com que um arquitecto se depara.